quinta-feira, novembro 23, 2006

Lênin no Espaço

Numa dessas navegações erráticas pela internet, peguei carona na dica de um blog espanhol e fui parar neste endereço, Lênin no Espaço, um verdadeiro baú com tesouros da psicodelia sessentista de vários países. Tem material da Itália, Espanha, México, África, Turquia, França, Bélgica, Holanda e por aí vai. O blog é todo em alfabeto sirílico, então a dica dos espanhóis é clicar no segundo link à esquerda, onde ficam guardados os arquivos. Vale a pena, o material é bastante farto. Só de rock italiano tem um pacote com uns 20 compactos raros devidamente digitalizados.
Quebrando um pouco o princípio dos Tesouros de falar sobre músicas em português apenas, postarei de agora em diante algumas preciosidades de outros países também. A exceção é rock em inglês, não por preconceito de qualquer espécie, mas porque aí choveria no molhado. A idéia, afinal, é trazer à luz coisas que fogem do pop/rock que todo mundo já conhece e que está disponível em qualquer lugar.

terça-feira, novembro 21, 2006

1000 Posts, 12 Canções


Anunciamos com muito orgulho que Os Tesouros superaram a marca histórica de 1000 acessos. É pouco, eu sei, eu sei, e provavelmente metade dos cliques são da própria "administração". Mas 1000 mil acessos é sempre motivo para comemorar. De agosto para cá, quando a brincadeira começou, os estúdios do Paraíso já registram 12 Gravações e, para amarrar esse momento tão glorioso, seguem os links para quem quiser baixar:

E para quem é fã, mas fã mesmo, segue o endereço para baixar o Arquivo Zip com todas as músicas.

Ma a che serve volare?

Já que estamos em uma semana de datas comemorativas, Os Tesouros fazem hoje sua homenagem ao Dia da Televisão.
Não, não, a insuportável da Hebe Camargo não passará nem perto desse blog, ainda que tivesse inventado ela mesma o cinescópio. O som fica por conta do querido Rei, num tesouro de 1968, gravado para a TV italiana. Trata-se de "A che serve volare", versão à la San Remo de "Por isso corro demais". É pra conferir sem pressa:

segunda-feira, novembro 20, 2006

Sou Negro

Hoje é Dia da Conciência Negra. A "elite branca" paulistana - como bem define o governador "socialista" Cláudio Lembo -, que tudo fez para levar a Brasília aquilo que é de mais reacionário no estado, aproveitou as melhores estrada do país, com os mais caros pedágios, para refletir um pouco sobre questão do negro em suas casas de praia. Afinal, é feriado de muito sol e o verão já é quase realidade :-))

Um agradável passeio no Parque do Ibirapuera revela como as coisas pouco mudaram desde os tempos da Senzala. Há negros aqui e ali, assim como os grupos típicos de "gente humilde" passeando num dos raros espaços de lazer gratuitos da cidade. Mas a maioria deles está lá mesmo é para servir, vendendo coco, recolhendo latinhas para recilagem ou simplesmente faturando um troco como flanelinha.
A maioria que está ali mesmo é branca, com suas camisas Nike 10K, reluzentes fones brancos de iPods, ou qualquer outro item de consumo eliminador de personalidade própria. Eles podem ser todos iguais, mas todos pertencem à mesma classe, que não é exatamente aquela raça que celebra hoje seu dia. Os negros, senhores simples que vêm de longe até o Ibirapuera vestindo sapatos e camisas asseadas de domingo, estes estão "out". "Out" é não usar palavras em inglês no meio de uma conversação banal. É não poder colar um adesivo com as cores da Itália ou da Espanha na traseira do carro. "Out", afinal, é não ter carro.

Já que entramos em uma nova era de extremos, em que uma parte razoável da classe média já perdeu o pudor de dizer em público que não vota em pobre e nordestino, Os Tesouros vêm fazer sua homenagem e tomar partido nesse Dia da Consciência Negra, com uma singela contribuição musical. Trata-se de Sou Negro, gravada em 1971 pelo Toni Tornado. Antes de firmar uma sólida carreira na Pornochancha, "Don" tentou emplacar como cantor. Ele foi um dos pionieiros do Black Power brasileiro, no momento em que o movimento radicalizava nos EUA com os Panteras Negras. Ironicamente, o destino reservou ao Toni o triste papel de negro dócil de novela da Globo.
Para quem quiser saber um pouco mais sobre Black Music, gringa principalmente, clique no blog Groove70. Só coisa fina mesmo.
E viva o negro brasileiro, "don"!



sexta-feira, novembro 17, 2006

Voltando a Santo Amaro.....


Voltando a Santo Amaro, o companheiro Ateneu (que promete enviar depois um depoimento exclusivo aos Tesouros sobre o Alcaide) lembra que fizemos quatro shows “importantes”:

1-Cace (mercado velho de Santo Amaro)
2-Biblioteca Kennedy
3- Farfarella Bar
4-Festa da prima da Bete (próximo ao colégio Magno na rua Sócrates)Os shows do Cace e da Kennedy, eu me recordo, foram “memoráveis”.

Do Farfarella eu tenho uma vaga lembrança e a tal da Bete eu não faço a menor idéia de quem seja, muito menos a prima :-))Tocávamos muito em festinhas, além de três sessões de ensaio semanais, às sextas, sábados e domingos, na minha casa. Até hoje eu me pergunto como os meus pais agüentavam aquela pancadaria toda.A uma certa altura do campeonato a vocação “Guitar Band” do Alcaide foi reforçada com a entrada do Tinho, outro guitarrista do bairro, muito amigo do brother Fábio Reis que, até onde se sabe, mudou-se para Curitiba e abraçou a carreira musical mesmo. O garoto, que tocava violão clássico desde muito pivete, mandava bem mesmo.

A banda se dissipou em 88, mais ou menos. Continuei tocando mais algum tempo com o Maurício e o saxofonista Jotalhão, num trio de jazz improvável, sem qualquer instrumento para fazer a harmonia. No fim das contas, até que funcionava. Em 89, depois de entrar na faculdade, eu deixei de lado a música por algum tempo. Confesso que a minha distância de domínio musical em relação ao Maurício estava começando a constranger, já que ele não só tinha um talento fantástico como se dedicava pacas ao contrabaixo. Tinha habilidade especial com ritmos americanos, como jazz e funk, mas mandava música brasileira e o que mais pintasse.


Nunca me esqueço de um dia em o Maurício bateu na porta de casa, dizendo que tinha abandonado a gravata (fazia faculdade de economia) para estudar e viver de música nos Estados Unidos. O resto é história. O site dele já diz tudo. Dá orgulho ver que pelo menos um cara daquela geração foi pra frente na carreira musical.


Da minha parte, perdi contato com a maioria dessa garotada nos anos que se passaram, à exceção do Fabião Reis, com quem toquei posteriormente anos durante muito tempo. Ainda fazemos umas jams lá em Santo Amaro, mas isso é tema de outros posts, como vocês poderão conferir.
O Deto e Ateneu foram dessas redescobertas do mundo do Orkut, MSN e por aí vai. No domingão de 11 de novembro ainda tentamos escrever umas coisas novas, mas só saiu zoeira,como Poodle Voador, Rua da Paz e um tema do Deto improvisado. Se alguém aí ficou curioso o suficiente para ouvir tudo, segue um arquivo Zipado com todas as músicas.



Isto é Alcaide

Tudo começou nas férias escolares (ah que bons tempos....) do começo de 1986. Naquela época, uma porção de bandinhas começava a fervilhar pelas ruas de Santo Amaro. O som rolava em festas de garagem, festivais de colégio e, principalmente, nas casas da molecada mesmo. Eu era um batera da V. Cruzeiro até que com certo prestígio entre o resto dos garotos e tocava no Fator Gama (Gama era o antigo nome da rua que servia de residência pra maior parte dos integrantes, a atual - blargh - “Baldomero Cortada de Almeida”).


Numa dessas baladas de colégio, no Elvira Brandão, creio, conheci uns garotos da Várzea de Baixo que prometiam. Houve uma ligação musical instantânea entre eu, o Deto, guitarrista de boa reputação, e o Maurício, que já havia ganhado status de “fera” do contrabaixo. Bastou uma jam rápida pro negócio mostrar que tinha potencial. Nesse dia, acho que no final de 85, ouvi pela primeira vez “Universo”, música que o Deto toca até hoje, como dá pra conferir nessa versão gravada nos estúdios do Paraíso. Outra do Deto dessa época é Biquíni 2000.







O Ateneu, que era amigo do povo da Várzea de Baixo, rapidamente se juntou ao grupo com a sua indefectível flautinha, assumindo os vocais. Um dos primeiros trabalhos foi O Morto, uma composição minha que tratava de suicídio, tema nada adolescente.....Soube anos depois que ela entrou pro repertório de outra banda do bairro. Como parece que eles não ganharam milhões de dólares com ela, em vez de ciúme, só posso sentir lisonja pela deferência.




Eu me lembro que tocávamos coisas como You Really Got Me, dos Kinks, inspirada na versão do Van Hallen, com horas de improvisações. Para quem mal tinha saído das fraldas, com conhecimento musical limitado e equipamento mais pobre ainda, as nossas bandas de referência, como o Deep Purple, não ajudavam grande coisa. Mas aos 15 anos você pensa que pode tudo, hehehehe.

O nome da banda surgiu depois de alguns meses e foi dado pelo Maurício, que tinha ouvido falar nessa expressão, Alcaide, uma denominação antiga do português para “prefeito”, em pleno uso no espanhol até os dias de hoje. A origem árabe da palavra não deixa se soar como uma bela ironia em relação a AlQaeda, do nosso amigo Bin Laden. Mais profética ainda era a canção “Canhões de Bagdad”, que usávamos para abrir nos nossos shows, um rock instrumental ligeiro. Naquele tempo, a inspiração devia ser a guerra Irã-Iraque, já que nem Bush Pai pensava naquela época em fazer a primeira tentativa de invasão ao feudo de Saddam Husseim.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Os Vivos!!!



Se você tivesse uns 14 anos e contasse com amigos desse tipo que você vê na foto, uma das canções que talvez quisesse gravar fosse "O morto". Pois o original deve ser dessa época, do Acaide, banda ícone do pop dos anos 80 de Santo Amaro. Antes que alguém faça a referência óbvia com a Al Qaeda, muito antes o Alcaide já brilhava na zona sul de São Paulo, curiosamente com uma canção de abertura batizada "Canhões de Bagdad".

Um dos grandes sucessos da banda na época foi O Morto http://d.turboupload.com/d/1214719/01._O_MORTO.mp3.html

registrado domingo, 12.11.06, pelo André (esq.), eu e o Alex (dir.), aqui nos estúdios do Paraíso. É a volta do Alcaide :-))

segunda-feira, novembro 13, 2006

Lindo Sonho Delirante



Depois de uma razoável ausência, Os Tesouros voltam com "novidades" do baú do rock brasileiro. Valeu até trocar o violão por uma guitarrada infernal. A pérola, desta vez, é "Lindo Sonho Delirante" (baixe aqui), do cantor (argentino) Fábio. Ele fez relativo sucesso no Brasil, especialmente na sua fase romântica. Esse som, gravado lá pelos idos de 68, e com o óbvio trocadilho LSD, era pra ser "mutcho lôco" mesmo. Mais tarde segue a gravação original.

domingo, outubro 15, 2006

Punk Falido



Dando um pulinho maior agora, só de 30 anos, chegamos a um desses clássicos instantâneos do rock brasileiro que ainda não chegaram - e provavelmente não chegarão, infelizmente - aos ouvidos da grande maioria do público. É Punk Falido, tesouro da banda catarina Stuart, liderada pelo Kaly, por sinal camarada do morto. Figura sempre lembrada no repertório do quase conterrâneo Wander Wildner, Kally esteve em São Paulo recentemente para divulgar o álbum "Honestidade não enche a barriga", gravado no ano passado em Blumenau e finalizado no mês de abril, em Floripa.

Essa versão de 10 cordas (sim, estourou mais uma) até que não deixa tanto a dever para a original, já que Punk Falido respeita ortodoxamente a receita do gênero: três acordes em três minutos e nada mais. O destaque mesmo fica para a letra, que é de dar arrepios em muito marmanjo de gravato, outrora acostumado a dar as suas bonitadas naquelas festinhas dos anos 80. Como o Stuart está tentando faturar uns trocos com o álbum, não vou escancarar tudo aqui, mais o site oficial da banda www.stuartmusic.com.br oferece alguns petiscos para download.

Enfim, para quem sente ânsia de vômito quando ouve falar na Maria Rita, segue a sugestão dessa banda honestíssima de SC. (arnoldo)

Punk falido
(Kaly)

Um Sonho Antigo Se Cala/Nem A mesma língua ele fala
Desiludido com tramas / E picaretagens da fama
Dinheiro até que ele tem / O emprego de perdedor também

Discos velhos guardados no mofo / Achando que vai escutá-los de novo
As vezes parece tão fácil / Mas o difícil é tão parecido
Tristezas que se misturam aos trapos / De mais um punk falido
Ohhh mais um punk falido (2x)

Jaquetas de couro, não usa mais / Broche do Ramones, não usa mais
De lado a lado, não sabe o que faz / E desmiolado, não corre atrás
Cabelos espetados, jamais / Batidas de coco, jamais
Deixou as correntes e os mitos / É só mais um punk falido
Ohhh mais um punk falido (2x)

As misérias que trás são lembranças / Tudo que ingeriu foi pra pança
Todos os anos perdidos na escola / Ouvindo Kennedy e cheirando cola
Agora, casado e com filhos / Suas drogas boas são simples comprimidos
Vai envelhecer como um perdedor / Num asilo podre, dos punk’s falidos
Ohhh mais um punk falido (2x)

Jaquetas de couro, não usa mais / Broche dos Ramones, não usa mais
De lado a lado, não sabe o que faz / E desmiolado, não corre atrás
Cabelos espetados, jamais / Batidas de maracujá
Deixou as correntes e os mitos / É só mais um punk falido

sábado, outubro 14, 2006

Cabelo ao vento, gente jovem reunida

Em um rápido salto de dez anos em relação ao post anterior, chegamos a um dos compositores mais "papo firme" dos anos 70, o Belchior. Fiz essa versão aqui de Como Nossos Pais, de 1976, que acaba soando bem macarrônica, já que é difícil escapar dos exageros vocais que marcam a versão original do autor. Quem conhece um pouquinho de música sabe que a marca registrada do Belchior é enfiar frases com tamanho três vezes maior que o suportável em um mesmo compasso. Ele pode exageram às vezes, mas ainda estão para ser escritos na MPB tesouros como "Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida/Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais". É de arrepiar :-))
Como Nossos Pais é um dos hits de "Alucinação" (baixe aqui), provavelmente o trabalho mais inspirado da carreira do Belchior. O Álbum é tão bom que serviu de base para "Falso Brilhante", na minha opinião o melhor disco da Elis Regina. Por conta do sucesso do disco, a versão dela acabou se tornando a "definitiva". Não fui muito feliz em uma primeira busca da bolacha no Soul Seek, mas assim que conseguir eu deixo aqui para download.

As aparências não enganam não
Ouvir Belchior na voz da Elis dá saudade do tempo em que a música brasileira tinha grandes cantoras para interpretar grandes compositores. É melacólico constatar que, em vez de fazer "Como sua mãe" e ousar na busca de coisa nova no cenário musical, Maria Rita tenha se contentado ao papel de "Big Mac" da vez da indústria fonográfica, destinada a virar DVD de fim de ano, desses bons para dar de presente de amigo secreto da "firma". Pena mesmo, para quem tem um gogó com tamanha herança genética. Mas chega de saudosismo barato pois, como diria o Belchior, "o novo sempre veeeeeeem....."

Como Nossos Pais
Não quero lhe falar meu grande amor das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar, eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu 'tô por fora', ou então que eu 'tô inventando'
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Tá em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais

sexta-feira, outubro 13, 2006

Essa garota é papo firme










Lá vai a primeira música do Rei no repértório e também a primeira explicitamente jovemguardiana. A gravação de É Papo Firme (aqui) até que não ficou tão distante da original , uma vez que boa parte da levada é feita por uma guitarrinha facilmente adaptada ao violão. Falta mesmo fazem as intevenções do órgão e a voz insuperável do Robertão. A fotinho da Leila Diniz é uma singela homenagem. Afinal, existiu nos anos 60 uma brasileira mais papo firme do que ela? Difícil, muito difícil....até para os dias de hoje.

É PAPO FIRME
Intro: B7 E
B7 E
Essa garota é papo firme, é papo firme, é papo firme
B7 E7
Ela é mesmo avançada e só dirige em disparada
B7 E
Gosta de tudo que eu falo, gosta de gíria e muito embalo
G# C#m
Ela adora uma praia e só anda de mini-saia
F# B7 F# B7
Está por dentro de tudo e só namora se o cara é cabeludo
E B7 E
Essa garota é papo firme, papo firme
B7 E
Se alguém diz que ela está errada ela dá bronca, fica zangada
B7 E
Manda tudo pro inferno e diz que hoje isso é moderno
B7 E B7 E











É Papo Firme entrou como a 10a faixa do disco de 1966 do Rei, uma clássico do Iê Iê Iê tupiniquim. Vale, inlusive, baixar o álbum inteiro, que tem tesouros como Eu te darei o Céu, Querem Acabar Comigo e Negro Gato. Ironicamente, nessa mesma época os Bealtes já tomavam o rumo definitivo da psicodelia com Revolver (download aqui). Nota-se por esses dois álbuns, que estão completanto 40 anos, que a cena pop nacional estava na cola da inglesada, mas um passo atrás. Nenhuma supresa, para um época em que as novidades demoravam até mais de um ano para chegar às prateleiras das melhores lojas do ramo no Rio e em São Paulo. (arnoldo)

quinta-feira, outubro 12, 2006

As Borboletas São Livres



De coração, acho que nunca ouvi algo tão bizarro quanto As Borboletas São Livres, atribuída a Gracindo Jr. & The Pop's. Uma pesquisa preguiçosa no Google não revelou absolutamente nada a respeito dessa curiosa dobradinha entre o filho do ator Paulo Gracindo e a banda mais ou menos conhecida da época da Jovem Guarda. Em breve espero trazer mais detalhes desse encontro de titãs. A despeito da estranheza do tema, a música é de um lirismo bastante honesto. Não resisti e gravei essa versão (aqui) no já tradicional violão de "11" cordas. A gravação original se destaca pela guitarra malandra e a paradinha no meio da música, sustendata só pelo órgão. Coisa linda mesmo.

Segue a letra, caso alguém queira entender um catzo do que o autor quis dizer :-))

AS BORBOLETAS SÃO LIVRES
Gracindo Jr. & The Pop’s


Eu quero o dia de ontem com você perto de mim
Nosso amor para ser puro tem que ser assim
Eu sei.....
as borboletas são livres e nós também
as borboletas são livres e nós também

Eu quero seu perfume sempre junto a mim
Nosso amor guardo em segredo, quem sabe vai ser ruim
Eu sei.....
as borboletas são livres, livre é o amor
as borboletas são livres e nós também

E eu preciso entender.....a solidão
Todo horror de uma noite, noite em meu coração
Mas o sol há de vir, este sol tão amigo
Outra noite vai seguir sem ter você comigo
Eu sei.....
que as borboletas são livres e nós também
as borboletas são livres livre é o amor
as borboletas são livres livre é o amor
as borboletas são livres livre é o amor

domingo, outubro 08, 2006

Avenida Central



Depois de duas semanas viajando pelo Brasilzão de meu deus, aproveitei o último dia de férias, reencarando a vaca fria, pra tirar uma música sensacional, Avenida Central, que só descobri recentemente. Essa versão só no violão (aqui), deve bastante para a original, gravada em 1971 pela banda Os Lobos, de Niterói. Destaque para a boa orquestração e a delicadíssima voz de Cristina. Jotapeene, tem razão, Os Tesouros vão requerer gogó feminino em algum momento. A temática da música e o arranjo lembram demais The long and winding road, do derradeiro disco Let it Be, dos Beatles, gravado pouco antes (aqui). O refrão dos Lobos é meio repetitivo, mas todo o conjunto é bem bacana. A foto da Paulista é uma homenagem à Rebequinha, moradora ilustre da avenida que, por sinal, é capaz de se identificar bastante com essa canção. (arnoldo)

AVENIDA CENTRAL
(Os Lobos)

Dentro da manhã
Nas cores da manhã
Não posso te afastar do pensamento
E pela vidraça colorida
O sol se espalhada pelo chão e esse silêncio
O dia acorda na avenida central
No mundo aberto da avenida central

E agora pra nós, as horas de amargura e os nosso sdias iguais não precisam voltar
Nesse dia de sol nessa clara manhã só consigo0 e só quero lembrar do teu rosto
Do teu sorriso

O dia acorda na avenida central
Meu quarto aberto pra avenida central

O dia acorda na avenida central
Meu quarto aberto pra avenida central
O dia acorda na avenida central
Meu quarto aberto pra avenida central

Silvia já são 20 horas, domingo

Ao longo de várias semanas, o morto criou a expectativa que publicaria a versão definitiva de Silvia 20 Horas Domingo, jóia raríssima do repertório de Ronnie Von, em sua fase psicodélica. Como mortos não falam, e muito menos cantam, acabei tomando a iniciativa. Aqui segue a modesta versão de Os Tesouros para este clássico do rock nacional. O original tá aqui. Aliás, vale bem a pena baixar o álbum inteiro, de 1968. Coisa muito fina mesmo.
A letra e as cifras, para quem quiser cantar e tocar junto, já foram postadas pelo morto alguns meses atrás. (arnoldo)

terça-feira, setembro 12, 2006

Minha Menina

Escarafunchando o Soul Seek, resgatei um tempo atrás essa pérola do Belle and Sebastian, uma versão de "Minha Menina", tocada no último Free Jazz, em 2001. Só pelo sotaque escocês bizarro já vale uma conferida (aqui). (arnoldo)

segunda-feira, setembro 11, 2006

Silvia 20 horas, domingo


A música é dessa bolacha aí do lado, ó, lançada em 1967. E a idéia era postar, pontualmente, às 20h de domingo, junto com o MP3 do Ronnie Von e uma versão tocada e cantada por este que vos escreve. Mas, pra fazer jus ao apelido, optei por vadiar o final de semana inteiro e atrasei os trabalhos. Pra não dizer que não fiz nada, aqui vai a letra da música, acompanhada das devidas cifras para o violão. Minha versão, um bocado desafinda, fica pro próximo domingo, às 20h, beleza?

(morto)

A D C D
A D C D

A D
Que alegria

A D
você

E D
estará comigo

A D E
domingo que vêm

A D
Ficaremos

A D E
sorrindo e eu darei

D
com carinho

A D E
uma flor pra você

A D
Pra lebrar

A D E D
Marquei na agenda Silvia

A D E
Não esquecerei

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A A
Silvia 20 horas domingo

E
Foi tão bom

B
eu ter lhe encontrado

E
e eu vivo

B
ansioso a esperar

D
que a semana passe depressa

E
pra de novo lhe encontrar

E
não esquecerei

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A A
Silvia 20 horas domingo

E
Foi tão bom

B
eu ter lhe encontrado

E
e eu vivo

B
ansioso a esperar

D
que a semana passe depressa

E
pra de novo lhe encontrar

E
não esquecerei

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A D
Silvia 20 horas domingo

A D A D
Silvia 20 horas domingo

domingo, setembro 10, 2006

Mundo Colorido

Mais uma para o set, daqui dos estúdios do Paraíso, em "11" cordas mesmo. Se existe alguma razão para um blog se intitular OS TESOUROS, só pode ser por "Mundo Colorido", da Vanusa. A letra dela se atrapalha um pouco no discurso contra o racismo, a guerra (do Vietnã, imagino) e mergulha nesse caleidoscópio de cores que que era o começo dos anos 70. Tremenda obra-prima. (arnoldo)

Como não achei a letra em google nenhum, acabei digitando na unha:

Mundo Colorido
(Vanusa)
O meu mundo é colorido
Porque eu assim o quis
Fiz de cada tristeza um motivo pra ser feliz
Sou tão negra quanto os negros
que são brancos como a mim
uma flor em vez de arma pra lutar até o fim

O meu mundo é colorido
como o verde da esperança
Pelo sorriso da criança
que por si já é colorido
sou guerreira tanto quanto quero explicar porquê
sou capaz de odiar na mesma forma que amar

O meu mundo é colorido
porque preciso viver
Para quê? Nada fizemos
Para quê? Nada, sofremos
somos jovens e é preciso não morrer na guerra assim
eles não têm culpa de ser negra a cor até o fim

sexta-feira, setembro 08, 2006

(arnoldo 07.09.06)



Mais uma gravação pro repertório. Coisa mais linda essa do Wander .

domingo, setembro 03, 2006

Fiat Lux

Íris Jönck 03.09.06

Até que enfim parecem ter saído as primeiras do repetório d'Os Tesouros. Seguem as gravações "originais", de Minha Menina, Chão de Giz e Baby.
A estreante foi mesmo "Minha Menina", tesouro do Joge Ben magistralmente registrado no disco de 1968 dos Mutantes. Essa versão não ficou exatamente à altura, mas já é um começo. Quando a Rebequinha ensinar a multiplicar os canais no Sound Forge, quem sabe dá para incluir os "lalaraiás" e as guitarradas que faltaram? Por enquanto, vale essa interpretação roots, no violão de "onze" cordas.
"Chão de Giz" é apenas sugestão, clássico do primeiro disco do Zé Ramalho, de 1978. O sotaque paraibano não convence lá essas coisas, mas enfim....
"Baby", do Caetano, cuja melhor versão é mesmo aquela da Gal, vem do repertório do Blues das antigas. Fica a idéia.....
(arnoldo).
Pra quem quiser cantar junto, seguem as letras
MINHA MENINA
Ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A luz prateada se escondeu
E o sol dourado apareceu
Amanheceu um lindo dia
Cheirando a alegria
Pois eu sonhei
E acordei pensando nela
Pois ela é minha menina
eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A roseira já deu rosas
E a rosa que eu ganhei foi ela
Por ela eu ponho o meu coração
Na frente da razão
E vou dizer
Pra todo mundo
Como gosto dela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A lua prateada se escondeu
E o sol dourado apareceu
Amanheceu um lindo dia
Cheirando alegria
Pois eu sonhei
E acordei pensando nela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
CHÃO DE GIZ
Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas em jornais de folhas amiúde
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão vizir
Há tantas violetas velhas sem um colibri
Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de vênus
Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom
Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar
Meus vinte anos de "boy, that's over, baby" , Freud explica
Não vou me sujar fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo é assunto popular
No mais estou indo embora
No mais estou indo embora
No mais estou indo embora
No mais...

BABY
Você precisa saber da piscina
Da margarina, da Carolina, da gasolina
Você precisa saber de mim
Baby, baby Eu sei que é assim
Você precisa tomar um sorvete
Na lanchonete, andar com a gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção do Roberto
Baby, baby
Há quanto tempo
Você precisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu sei
E o que eu não sei mais
Eu sei, comigo vai tudo azul
Contigo vai tudo em paz
Vivemos na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa, você precisa
Não sei, leia na minha camisa
Baby, baby I love you

sexta-feira, setembro 01, 2006

Toca Raul!



Eu me segurei, segurei, mas depois de uma semana no ar, não dava mais pra deixar de colocar uma do Raulzito. O clipe aí é de 1974, consta que o primeiro produzido pelo Fantástico. O disco Gita foi lançado no mercado logo depois do Raulzito ter embarcado para um auto-exílio nos EUA. Pressionado pelos militares por levantar a bandeira da Sociedade Alternativa, nosso herói chegou até a tomar umas piabas dos milicos no Dops. O fato é que Gita bateu a marca de 600 mil cópias vendidas num susto e Raulzito decidiu voltar para o Brasil. A música é bem batida, eu sei, mas o clipe é um marco da psicodelia nacional. (arnoldo)



Nossa fitinha




Quer fazer uma também? Vá até o cassete generator. A dica é do BoingBoing. (jota peene)

Não baixe nem cante essas canções

Colaboração enviada por email por nosso guru Adir:

"Quem se amarra em paródias musicais pode até gostar de saber que, no dia 26 de setembro, será lançado o disco do cantor Weird Al' Yankovic. Uma das faixas, "Não baixe esta música", parodia "We Are The World". Ouça aqui.
Ano passado, quando a empresa Yahoo completou 10 anos de existência, os funcionários do grupo não puderam cantar a tradicional música Parabéns Pra Você, que todo mundo acha que é de domínio público.
A melodia de "Parabéns pra você" tem origem na canção "Good Morning to All" (Bom Dia a Todos) de Preston Ware Orem publicada em 1893 e oficialmente registrada em 1935 pela Summy Company, empresa para a qual Orem compôs a canção.
Por causa disso, hoje há uma certa polêmica sobre o "copyright" e direitos sobre a execução da canção. A Summy Company exige que royalties sejam pagos quando a canção "Parabéns" para você for executada em público."
"Você sabia disso? Então, cuidado quando festejar o aniversário de alguém da próxima vez."
Fonte: http://antenaparanoica.blogger.com.br/

quinta-feira, agosto 31, 2006

...e assim falava Mefistófeles

Mais um tesouro do rock brasileiro cujas pegadas quase desapareceram no tempo. O bando lançou apenas este álbum (baixe aqui) e acabou se desfazendo. A bolacha abre com ...e assim falava Mefistófeles, que soa perfeita para uma daquelas cenas de perseguição em pornochanchadas dos anos 70. Se isso te desanimou, calma aí.
O LP tem coisas muito boas, especialmente alguns covers, como
Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros, que ganhou, ao lado de "A Banda", de Chico Buarque, o 2o Festival da Canção da TV Record, em 1966, pela garganta privilegiada de Jair Rodrigues.
Conforme define o Senhor F, O bando ..."misturou MPB, música regional e pitadas de psicodelia. Em 69, lançou seu único álbum, com arranjos dos maestros Rogério Duprat, Damiano Cozzela e Júlio Medaglia. Em clima tropicalista, cantam Jorge Ben, Caetano Veloso e os novatos gaúchos Hermes Aquino e Lais Marques. Integravam O Bando, Diógenes, a cantora Marisa Fossa (que depois gravou com Duprat), Américo, Dudu, Emílio, Paulinho e Rodolpho."
Paralelamente à boa seleção musical, outro ponto forte do longplay são os arranjos. Além das referências citadas acima, eu destacaria ainda uma pegada black, que ganhou consistência na primeira metade da década que estava prester a se iniciar.
Ainda no trabalho solo, eu chamaria a atenção para
Fossa Boboca. O Hit começa com um solo (totalmente dispensável) de bateria, que parece não levar a lugar algum. E quase não leva mesmo, mas a música acaba tomando corpo com a entrada de um piano dramático, meio ao estilo "Ball and Chain", da Janis Joplin, para desaguar em seguida uma canção de melodia bem bacana. O trabalho vocal dessa faixa lembra muito o espírito dos Festivais, cuja influência é total nessa obra do Bando. (arnoldo)

P.S. Para aqueles que se perguntaram: 'afinal, quem é Mefistófeles ?', aqui tem algumas pistas .

quarta-feira, agosto 30, 2006

A vitrola do vovô

Aproveitando que o assunto aqui é velharia - com todo respeito aos jovens tesouros lindaços que andam por aqui -, preciso dar meu depoimento. Tem gente que acha que quem nasceu em 1985, além de serem um afronto aos que vieram ao mundo por volta de 1970, não conheceram nem orelhão com ficha.
Prova de que eu conheço vitrolas são as passagens de ano novo na casa do meu avô. O Seu Nenê ainda tem lá, linda e bela, uma vitrola "três em um". Lindona, num móvel adaptado a ela, tá lá. E por lá já passou muito disco bom que me cheiram infância. Meu natural desinteresse por nomes, datas e origem das músicas quando tinha por volta de cinco anos me impendem de citar exatamente o que rolava por lá. Sei que tinha muito Robertão, mas o mais legal era um disquinho com músicas do Palmeiras. Acho que é graças a isso que eu sei pelo menos o começo do hino do verdão até hoje.
Voltando aos dias de ano novo que citei no início, o vovô tinha um disco ótimo com músicas que comemoram a chegada de novos 365 dias. Tem uma música, das mais engraçadas, em que um homem grita "Atenção, pessoal! Tá chegando a meia-noite". E não foi só em um reveillon que eu ouvi essa música...
Em junho eram comuns os discos de festa junina e em dezembro os de Natal. O nono realmente gosta de comemorar essas datas. Além destes, ainda tem por lá uns discos de novelas da Globo (como da Locomotiva, se lembram?), Creedence e Simon & Garfunkel, o preferido da minha mãe até hoje.
Apesar dessa minha ligação afetiva com os bolachões, minhas lembranças tem muito mais a ver com os valores que o meu avô sempre teve, essas coisas pequenas, como colocar um disco que tenha a ver com a época, que davam uma graça especial de estar lá com ele. Quanto a mim, espero poder guardar vários mp3 legais pra mostrar pros meus netinhos. Isso pra que quando os amigos mais velhos deles tirarem sarro, dizendo que eles não chegaram a conhecer aquela velharia do iPod, que eles possam falar que a vovó tinha uns arquivos bem lôcos nessa geringonça, que já vai estar bem ultrapassada quando isso acontecer.

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Estava eu terminando este post quando Sílvio Santos coloca no ar a dupla Deny e Dino. Muito bem colocados no palco, trocando de lugar entre direita e esquerda num molejo incrível, trajando calças e jaquetas de couro, a dupla cantou o hit "Coruja", com os sensacionais versos "coruja é a indiferença de um brotinho encantador / coruja é um nome feio que nos causa até tremor / coruja agora sei por que não olhas pra mim / é conseqüência de um orgulho sem fim, sem fim".

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Rebequinha

Heim? Vi-tro-la!!!

Aqui, a gente faz o que pode pra facilitar a sua vida. MP3, videozinho, contatos no Soulseek e o escambau. Mas, talvez, você queira mesmo é tirar a poeira daqueles velhos discos de vinil que comprou ainda nos tempos da Jovem Guarda, ou roubou da casa dos seus pais, pensando em vender no sebo pra beber umas cervejas e que acabou esquecendo num canto da república. Nesse caso, é provável que o problema, então, seja a falta de um equipamento adequado para escutar os velhos bolachões. Rebequinha, nossa webmiss de 20 aninhos, por exemplo, só conhece os tradicionais aparelhos três em um por fotografias. Pra quem prefere a tecnologia analógica, aqui vão alguns endereços onde encontrar vitrolas à venda, por precinhos camaradas: Mercado Livre, Arremate, Superdownloads e Comprar.art.br.

(morto)




No Sub Reino dos Metazoários

Tá difícil passar um dia sem escarafunchar alguma pérola no Brazilian Nuggets. O craque do dia é Marconi Notaro, que gravou em 1973, em Recife, a obra-prima 'No Sub Reino dos Metazoários'. Pode parecer exagero, mas me senti ouvindo uma ancestral do Chico Science da Era Mesozóica (aliás, pra quem quiser saber o que é Metazoário...)

Conforme define bem o Senhor F, "...Ultra-psicodélico em alguns momentos, o disco abre com o samba 'Desmantelado' (composto por Notaro em 1968, nos áureos tempos do Teatro Popular do Nordeste), com o regional formado por Notaro, Robertinho de Recife, Zé Ramalho e Lula, entre outros. A segunda faixa, 'Ah Vida Ávida', com 'Notaro jogando água na cacimba de Itamaracá', mais Lula na 'cítara popular' e Zé Ramalho na viola indicam o que vem a seguir, um misto de alucinada psicodelia com pinceladas da mais singela música popular, como o frevinho 'Fidelidade' (... 'permaneço fiel às minhas origens, filho de Deus, sobrinho de Satã' ...)".

"Fidelidade" (aqui), por sinal, foi o tesouro que eu mais gostei, mas o álbum todo tem coisas bacanas. Os efeitos psicodélicos nos arranjos de viola dão um toque "acitarado" (humilhei agora) no som como um todo. Vale a pena baixar a bolacha. Muitos blogs, como o Br Nuggets, dão acesso. Como este zip disponível no Vinil Velho.
(arnoldo)

P.S. Já que Jota Peene havia citado o Mombojó logo abaixo e a cena recifense continuou em pauta, fica a dica pra ouvir a faixa Novo Prazer, do novo disco dos moleques, o "Homem Espuma". Nesta era em que os comedores de pastilhas caminham livremente sobre a terra, o tema pode virar até hino de uma geração.

terça-feira, agosto 29, 2006

Escuta essa, lindaço

Quem viu o programa Ídolos, do SBT, conhece bem a figura. Arnaldo Saccomani, o jurado que fazia o papel de mala. O cara chato que chamava os candidatos de “lindaço” antes de detoná-los impiedosamente. A personificação do mau humor.
Ele virou estrela de televisão agora, mas tem uma longa ficha de serviços prestados à música brasileira, como produtor e compositor. O currículo dele no Cliquemusic apresenta composições suas gravadas por gente como Jane Duboc, Fat Family, Pepe e Neném, Negritude Jr. e Bonde do Tigrão. Nessa entrevista, ao jornal do bairro onde mora, ele próprio explica o que o levou a trabalhar com artistas tão diferentes entre si (e de quebra revela que é de sua autoria o hit maior do Placa Luminosa, aquele do refrão “Nosso amor é lindo/tão lindo”).
Um dos grandes discos da história da psicodelia cabocla – o Ronnie Von de 1968, que traz o clássico “Silvia 20 Horas Domingo” – tem a participação ativa de Saccomani. Ele compôs 6 das 12 músicas, incluindo a libertária “Anarquia” (é bom lembrarmos que 1969 começou sob a mão de ferro do regime militar, que acabara de promulgar o AI-5). A canção andou sendo executada ao vivo pelos rapazes do Mombojó, que nem eram nascidos quando ela foi composta.
O disco é uma obra única na discografia brasileira. Não vou me estender sobre ele, por falta de competência e porque outros já o fizeram – leia aqui a análise de Marcelo Birck sobre a obra, que é bastante fácil de encontrar no Soulseek.
Para ouvir “Anarquia” na voz do Ronnie Von, faça o download aqui. A cover do Mombojó está aqui. Escute que vale a pena, lindaço. (jota peene)

PS: A lindaça da foto é a Ligia, a maior revelação do Ídolos. Não, ela não canta. Ela apresentou o programa. Além de ser muito bonita, a Ligia é uma ótima apresentadora.

Clipe do Robertão

Olha que coisa mais linda....



arnoldo

Cenas de "Diamante Cor-de-Rosa"

segunda-feira, agosto 28, 2006

Amigo de fé, irmão camarada

O bom e velho amigo de fé e irmão camarada, Erasmo Carlos, também deve marcar presença no repertório de Os Tesouros. Entre as possibilidades já cogitadas estão "Sou uma criança, não entendo nada" e "Sentado à beira do caminho".
Outras sugestões serão bem-vindas. Quem quiser refrescar a memória pode visitar o site do Tremendão, onde estão disponíveis biografia, discografia, filmes, vídeos, fotos e entrevistas, além das letras das músicas. É uma brasa, mora?
(morto)

UHF em banda larga

A MTV Brasil lançou no fim de semana um canal para usuários de banda larga, o MTV Overdrive.
A iniciativa é bacana, e especialmente tocante para a geração que, no início dos anos 90, precisou comprar uma antena de UHF para pegar o canal, que tinha um sinal sofrível.
O problema do Overdrive não é o sinal, que é bastante estável. É o repertório, bastante limitado. E o excesso de proteção dos direitos autorais dos clipes – eu precisei clicar três vezes para aceitar a licença e poder ver cada vídeo.
Se eu tivesse procurado por eles no youtube, certamente teria achado. E não teria sido chateado com confirmações repetitivas, embora eu os teria visto com qualidade inferior e com os "soquinhos" tradicionais do Youtube.
Se você quiser experimentar a brincadeira, recomendo um vídeo do acervo: E-bow the Letter, do REM. Com participação da Patti Smith. É lindo de morrer.
(jota peene)


MINHA MENINA



A primeira canção do repertório já começou efetivamente a ser tirada neste final de semana. Jota, por enquanto acho melhor trabalharmos com a original mesmo, no bom e velho português. Assim que ficar minimamente razoável eu libero uma versão garagem aqui no blog.

arnoldo

Segue a letra para os fãs (sorry, periferia, ainda não sei liberar direto pro Download por aqui, mas tem tudo lá na pasta OS TESOUROS, no meu nick do Soul Seek).

Ela é minha menina/E eu sou o menino dela/Ela é o meu amor/E eu sou o amor todinho dela/A luz prateada se escondeu/E o sol dourado apareceu/Amanheceu um lindo dia/Cheirando a alegria/Pois eu sonhei/E acordei pensando nela/Pois ela é minha menina/E eu sou o menino dela/Ela é o meu amor/E eu sou o amor todinho dela/A roseira já deu rosas/E a rosa que eu ganhei foi ela/Por ela eu ponho o meu coração/Na frente da razão/E vou dizer Pra todo mundo/ Como gosto dela/Pois ela é minha menina/E eu sou o menino dela/Ela é o meu amor/E eu sou o amor todinho dela/A lua prateada se escondeu /E o sol dourado apareceu/Amanheceu um lindo dia/Cheirando alegria/Pois eu sonhei/E acordei pensando nela/Pois ela é minha menina/E eu sou o menino dela/Ela é o meu amor/E eu sou o amor todinho dela

No Nepal tudo é barato

Olha, pode ser que o Umas e Outras seja uma invenção pilatrópica do Nélson Mota, mas a banda tem umas pérolas de arrancar lágrimas dos olhos. Estava ouvindo hoje esse clássico "No Nepal tudo é barato" (aqui). Linda de morrer....

No Nepal tudo é barato
No Nepal tudo é muito barato
No Nepal tudo é barato
No Nepal tudo é muito barato

No Nepal existe uma praça
Onde fica um monte de dinheiro
Quem precisa tira o que precisa
E quem ganha bota lá de novo
Lá não tem problema financeiro
E o povo é sempre muito ordeiro
No Nepal a juventude canta
E cultiva flores de outras terras
Pinta o corpo de todas as cores
E procura sempre as coisas certas
No Nepal o casamento é livre
E os sinais das ruas sempre abertos
No Nepal o ar é cristalino
E a verdade vem dentro dos ventos
E o carinho rende juros fortes
E o povo vive só de rendas
Eu te convido, companheira amada
A fugir para o Nepal comigo
(Fredera/Frederyko)

arnoldo

sábado, agosto 26, 2006

Pode me chamar de ice cream



Tem gente que não bota muita fé no ser humano. Mas é preciso admitir que essa raça atinge momentos de altíssima sensibilidade, entre um ímpeto de autodestruição e outro. Afinal, foram homens e mulheres que construíram Brasília (a foto é do Marcel Gautherot), escreveram a Declaração Universal dos Direitos Humanos e inventaram a feijoada. Até o Alceu, que aparentemente não é um sujeito muito privilegiado, conseguiu fazer sua obra-prima.

A Joyce também não parece ser das figuras mais brilhantes da humanidade. Nasceu bossanovista, um pecado de origem praticamente imperdoável, e ganha a vida até hoje no circuito internacional do ritmo “brasileiro”. Hoje ela faz mais “sucesso” lá fora do que aqui, após um breve período de popularidade, nos anos 80.

A carreira deu um salto lá fora no início da década de 90, a partir do momento em que algum infeliz resolveu adicionar uma pitada de música eletrônica à bossa nova. Uma praga que está aí até hoje em qualquer sala de espera “modernosa”, mas eu não estou aqui pra falar do lado decadente da Joyce.

Muito antes de entregar os pontos e fazer bossa pra japonês ouvir, ela pegou o violão (ou o caderninho, sei lá), e escreveu um clássico absoluto, “Abrace Paul McCartney por Mim”. É um ponto totalmente fora da curva de sua carreira de compositora, que para dizer bem a verdade eu conheço superficialmente e não tenho lá grande vontade de me aprofundar.

Curiosamente, Joyce não gravou esse tesouro – pelo menos as discografias disponíveis dela (aqui e aqui) não registram que ela o tenha feito. Conheço duas versões: a de Evinha, absoluta, de 1970; e a do grupo-armação Umas e Outras (forjado por Nelson Motta, que como se vê faz MUITO tempo que engana nesse ramo), também de 1970.

A letra é simples, comovente. Uma moça de coração partido. Talvez porque o noivo tenha partido para Londres. Uma garota que tem a grandeza de espírito de chamar seu amado de “ice cream” (eu não teria ido pra Inglaterra, sinceramente). E que pede pra ele dar um abraço no Paul McCartney, já que tudo está perdido mesmo...

A letra ("tirada" por mim, desculpe qualquer incorreção) segue abaixo. Os arquivos são fáceis de achar no SoulSeek. Pra quem não usa o software mais bacana que a humanidade (sempre ela...) já inventou, baixe por a da Evinha aqui e a do Umas e Outras aqui. (Jota Peene)

Abrace Paul McCartney por Mim (Joyce)

Sinceramente eu queria
Sem outra intenção
Me lembrar do que quase esqueci
De como vai você
Se mudou
Ou se você ainda usa a mesma calça Lee

Meu amor, meu ice cream
Abrace Paul McCartney por mim

Eu por enquanto vou bem
Viajando no espaço
E às vezes lembro de você
E por que não dizer?
Sou feliz
Quase feliz
Da maneira que a gente quis ser

sexta-feira, agosto 25, 2006

Em busca do hit perdido

Os Tesouros não têm saudade. Simplesmente porque não viveram aquela época. Eles são jovens – já foram mais, é verdade – e gostam de músicas velhas que falam do futuro. Ou que falem de amor. Ou que falem da vida. De preferência, com algumas camadas de guitarras, alguma gritaria e muita despretensão.
É o bom e velho rock’n’roll. Mais do que isso: é o bom e velho rock’n’roll feito num país distante, longe demais das capitais. Numa época sombria, pesada. Sem boas guitarras, sem bons estúdios, sem dinheiro. Com alguns discos importados dos Beatles como matriz e nada mais. Contra a patrulha da esquerda e o desdém da direita.
O Brasil do final dos anos 60 acabou faz tempo. Que bom. Não sobrou nem rastro dele, a não ser alguns discos riscados. Que a gente vai colocar pra tocar.

BEM VINDOS

Sabe aquele chavão de que rock só se canta em inglês e não dá pra fazer samba em alemão? Pois quem fala esse tipo de besteira nunca ouviu obras-primas do tipo “Meu amor, meu Ice Cream, abrace Paul McCartney por mim”, “Eu tenho uma camiseta escrita ‘eu te amo’”, "Sílvia 20 horas domingo", ou ainda “Felicidade não existe, o que existe são momentos felizes”. O quê? Você nunca ouviu nenhum desses hits? Então seja bem-vindo a OS TESOUROS.