domingo, outubro 15, 2006

Punk Falido



Dando um pulinho maior agora, só de 30 anos, chegamos a um desses clássicos instantâneos do rock brasileiro que ainda não chegaram - e provavelmente não chegarão, infelizmente - aos ouvidos da grande maioria do público. É Punk Falido, tesouro da banda catarina Stuart, liderada pelo Kaly, por sinal camarada do morto. Figura sempre lembrada no repertório do quase conterrâneo Wander Wildner, Kally esteve em São Paulo recentemente para divulgar o álbum "Honestidade não enche a barriga", gravado no ano passado em Blumenau e finalizado no mês de abril, em Floripa.

Essa versão de 10 cordas (sim, estourou mais uma) até que não deixa tanto a dever para a original, já que Punk Falido respeita ortodoxamente a receita do gênero: três acordes em três minutos e nada mais. O destaque mesmo fica para a letra, que é de dar arrepios em muito marmanjo de gravato, outrora acostumado a dar as suas bonitadas naquelas festinhas dos anos 80. Como o Stuart está tentando faturar uns trocos com o álbum, não vou escancarar tudo aqui, mais o site oficial da banda www.stuartmusic.com.br oferece alguns petiscos para download.

Enfim, para quem sente ânsia de vômito quando ouve falar na Maria Rita, segue a sugestão dessa banda honestíssima de SC. (arnoldo)

Punk falido
(Kaly)

Um Sonho Antigo Se Cala/Nem A mesma língua ele fala
Desiludido com tramas / E picaretagens da fama
Dinheiro até que ele tem / O emprego de perdedor também

Discos velhos guardados no mofo / Achando que vai escutá-los de novo
As vezes parece tão fácil / Mas o difícil é tão parecido
Tristezas que se misturam aos trapos / De mais um punk falido
Ohhh mais um punk falido (2x)

Jaquetas de couro, não usa mais / Broche do Ramones, não usa mais
De lado a lado, não sabe o que faz / E desmiolado, não corre atrás
Cabelos espetados, jamais / Batidas de coco, jamais
Deixou as correntes e os mitos / É só mais um punk falido
Ohhh mais um punk falido (2x)

As misérias que trás são lembranças / Tudo que ingeriu foi pra pança
Todos os anos perdidos na escola / Ouvindo Kennedy e cheirando cola
Agora, casado e com filhos / Suas drogas boas são simples comprimidos
Vai envelhecer como um perdedor / Num asilo podre, dos punk’s falidos
Ohhh mais um punk falido (2x)

Jaquetas de couro, não usa mais / Broche dos Ramones, não usa mais
De lado a lado, não sabe o que faz / E desmiolado, não corre atrás
Cabelos espetados, jamais / Batidas de maracujá
Deixou as correntes e os mitos / É só mais um punk falido

sábado, outubro 14, 2006

Cabelo ao vento, gente jovem reunida

Em um rápido salto de dez anos em relação ao post anterior, chegamos a um dos compositores mais "papo firme" dos anos 70, o Belchior. Fiz essa versão aqui de Como Nossos Pais, de 1976, que acaba soando bem macarrônica, já que é difícil escapar dos exageros vocais que marcam a versão original do autor. Quem conhece um pouquinho de música sabe que a marca registrada do Belchior é enfiar frases com tamanho três vezes maior que o suportável em um mesmo compasso. Ele pode exageram às vezes, mas ainda estão para ser escritos na MPB tesouros como "Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida/Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais". É de arrepiar :-))
Como Nossos Pais é um dos hits de "Alucinação" (baixe aqui), provavelmente o trabalho mais inspirado da carreira do Belchior. O Álbum é tão bom que serviu de base para "Falso Brilhante", na minha opinião o melhor disco da Elis Regina. Por conta do sucesso do disco, a versão dela acabou se tornando a "definitiva". Não fui muito feliz em uma primeira busca da bolacha no Soul Seek, mas assim que conseguir eu deixo aqui para download.

As aparências não enganam não
Ouvir Belchior na voz da Elis dá saudade do tempo em que a música brasileira tinha grandes cantoras para interpretar grandes compositores. É melacólico constatar que, em vez de fazer "Como sua mãe" e ousar na busca de coisa nova no cenário musical, Maria Rita tenha se contentado ao papel de "Big Mac" da vez da indústria fonográfica, destinada a virar DVD de fim de ano, desses bons para dar de presente de amigo secreto da "firma". Pena mesmo, para quem tem um gogó com tamanha herança genética. Mas chega de saudosismo barato pois, como diria o Belchior, "o novo sempre veeeeeeem....."

Como Nossos Pais
Não quero lhe falar meu grande amor das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar, eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu 'tô por fora', ou então que eu 'tô inventando'
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Tá em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais

sexta-feira, outubro 13, 2006

Essa garota é papo firme










Lá vai a primeira música do Rei no repértório e também a primeira explicitamente jovemguardiana. A gravação de É Papo Firme (aqui) até que não ficou tão distante da original , uma vez que boa parte da levada é feita por uma guitarrinha facilmente adaptada ao violão. Falta mesmo fazem as intevenções do órgão e a voz insuperável do Robertão. A fotinho da Leila Diniz é uma singela homenagem. Afinal, existiu nos anos 60 uma brasileira mais papo firme do que ela? Difícil, muito difícil....até para os dias de hoje.

É PAPO FIRME
Intro: B7 E
B7 E
Essa garota é papo firme, é papo firme, é papo firme
B7 E7
Ela é mesmo avançada e só dirige em disparada
B7 E
Gosta de tudo que eu falo, gosta de gíria e muito embalo
G# C#m
Ela adora uma praia e só anda de mini-saia
F# B7 F# B7
Está por dentro de tudo e só namora se o cara é cabeludo
E B7 E
Essa garota é papo firme, papo firme
B7 E
Se alguém diz que ela está errada ela dá bronca, fica zangada
B7 E
Manda tudo pro inferno e diz que hoje isso é moderno
B7 E B7 E











É Papo Firme entrou como a 10a faixa do disco de 1966 do Rei, uma clássico do Iê Iê Iê tupiniquim. Vale, inlusive, baixar o álbum inteiro, que tem tesouros como Eu te darei o Céu, Querem Acabar Comigo e Negro Gato. Ironicamente, nessa mesma época os Bealtes já tomavam o rumo definitivo da psicodelia com Revolver (download aqui). Nota-se por esses dois álbuns, que estão completanto 40 anos, que a cena pop nacional estava na cola da inglesada, mas um passo atrás. Nenhuma supresa, para um época em que as novidades demoravam até mais de um ano para chegar às prateleiras das melhores lojas do ramo no Rio e em São Paulo. (arnoldo)

quinta-feira, outubro 12, 2006

As Borboletas São Livres



De coração, acho que nunca ouvi algo tão bizarro quanto As Borboletas São Livres, atribuída a Gracindo Jr. & The Pop's. Uma pesquisa preguiçosa no Google não revelou absolutamente nada a respeito dessa curiosa dobradinha entre o filho do ator Paulo Gracindo e a banda mais ou menos conhecida da época da Jovem Guarda. Em breve espero trazer mais detalhes desse encontro de titãs. A despeito da estranheza do tema, a música é de um lirismo bastante honesto. Não resisti e gravei essa versão (aqui) no já tradicional violão de "11" cordas. A gravação original se destaca pela guitarra malandra e a paradinha no meio da música, sustendata só pelo órgão. Coisa linda mesmo.

Segue a letra, caso alguém queira entender um catzo do que o autor quis dizer :-))

AS BORBOLETAS SÃO LIVRES
Gracindo Jr. & The Pop’s


Eu quero o dia de ontem com você perto de mim
Nosso amor para ser puro tem que ser assim
Eu sei.....
as borboletas são livres e nós também
as borboletas são livres e nós também

Eu quero seu perfume sempre junto a mim
Nosso amor guardo em segredo, quem sabe vai ser ruim
Eu sei.....
as borboletas são livres, livre é o amor
as borboletas são livres e nós também

E eu preciso entender.....a solidão
Todo horror de uma noite, noite em meu coração
Mas o sol há de vir, este sol tão amigo
Outra noite vai seguir sem ter você comigo
Eu sei.....
que as borboletas são livres e nós também
as borboletas são livres livre é o amor
as borboletas são livres livre é o amor
as borboletas são livres livre é o amor

domingo, outubro 08, 2006

Avenida Central



Depois de duas semanas viajando pelo Brasilzão de meu deus, aproveitei o último dia de férias, reencarando a vaca fria, pra tirar uma música sensacional, Avenida Central, que só descobri recentemente. Essa versão só no violão (aqui), deve bastante para a original, gravada em 1971 pela banda Os Lobos, de Niterói. Destaque para a boa orquestração e a delicadíssima voz de Cristina. Jotapeene, tem razão, Os Tesouros vão requerer gogó feminino em algum momento. A temática da música e o arranjo lembram demais The long and winding road, do derradeiro disco Let it Be, dos Beatles, gravado pouco antes (aqui). O refrão dos Lobos é meio repetitivo, mas todo o conjunto é bem bacana. A foto da Paulista é uma homenagem à Rebequinha, moradora ilustre da avenida que, por sinal, é capaz de se identificar bastante com essa canção. (arnoldo)

AVENIDA CENTRAL
(Os Lobos)

Dentro da manhã
Nas cores da manhã
Não posso te afastar do pensamento
E pela vidraça colorida
O sol se espalhada pelo chão e esse silêncio
O dia acorda na avenida central
No mundo aberto da avenida central

E agora pra nós, as horas de amargura e os nosso sdias iguais não precisam voltar
Nesse dia de sol nessa clara manhã só consigo0 e só quero lembrar do teu rosto
Do teu sorriso

O dia acorda na avenida central
Meu quarto aberto pra avenida central

O dia acorda na avenida central
Meu quarto aberto pra avenida central
O dia acorda na avenida central
Meu quarto aberto pra avenida central

Silvia já são 20 horas, domingo

Ao longo de várias semanas, o morto criou a expectativa que publicaria a versão definitiva de Silvia 20 Horas Domingo, jóia raríssima do repertório de Ronnie Von, em sua fase psicodélica. Como mortos não falam, e muito menos cantam, acabei tomando a iniciativa. Aqui segue a modesta versão de Os Tesouros para este clássico do rock nacional. O original tá aqui. Aliás, vale bem a pena baixar o álbum inteiro, de 1968. Coisa muito fina mesmo.
A letra e as cifras, para quem quiser cantar e tocar junto, já foram postadas pelo morto alguns meses atrás. (arnoldo)