quarta-feira, agosto 30, 2006

A vitrola do vovô

Aproveitando que o assunto aqui é velharia - com todo respeito aos jovens tesouros lindaços que andam por aqui -, preciso dar meu depoimento. Tem gente que acha que quem nasceu em 1985, além de serem um afronto aos que vieram ao mundo por volta de 1970, não conheceram nem orelhão com ficha.
Prova de que eu conheço vitrolas são as passagens de ano novo na casa do meu avô. O Seu Nenê ainda tem lá, linda e bela, uma vitrola "três em um". Lindona, num móvel adaptado a ela, tá lá. E por lá já passou muito disco bom que me cheiram infância. Meu natural desinteresse por nomes, datas e origem das músicas quando tinha por volta de cinco anos me impendem de citar exatamente o que rolava por lá. Sei que tinha muito Robertão, mas o mais legal era um disquinho com músicas do Palmeiras. Acho que é graças a isso que eu sei pelo menos o começo do hino do verdão até hoje.
Voltando aos dias de ano novo que citei no início, o vovô tinha um disco ótimo com músicas que comemoram a chegada de novos 365 dias. Tem uma música, das mais engraçadas, em que um homem grita "Atenção, pessoal! Tá chegando a meia-noite". E não foi só em um reveillon que eu ouvi essa música...
Em junho eram comuns os discos de festa junina e em dezembro os de Natal. O nono realmente gosta de comemorar essas datas. Além destes, ainda tem por lá uns discos de novelas da Globo (como da Locomotiva, se lembram?), Creedence e Simon & Garfunkel, o preferido da minha mãe até hoje.
Apesar dessa minha ligação afetiva com os bolachões, minhas lembranças tem muito mais a ver com os valores que o meu avô sempre teve, essas coisas pequenas, como colocar um disco que tenha a ver com a época, que davam uma graça especial de estar lá com ele. Quanto a mim, espero poder guardar vários mp3 legais pra mostrar pros meus netinhos. Isso pra que quando os amigos mais velhos deles tirarem sarro, dizendo que eles não chegaram a conhecer aquela velharia do iPod, que eles possam falar que a vovó tinha uns arquivos bem lôcos nessa geringonça, que já vai estar bem ultrapassada quando isso acontecer.

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Estava eu terminando este post quando Sílvio Santos coloca no ar a dupla Deny e Dino. Muito bem colocados no palco, trocando de lugar entre direita e esquerda num molejo incrível, trajando calças e jaquetas de couro, a dupla cantou o hit "Coruja", com os sensacionais versos "coruja é a indiferença de um brotinho encantador / coruja é um nome feio que nos causa até tremor / coruja agora sei por que não olhas pra mim / é conseqüência de um orgulho sem fim, sem fim".

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Rebequinha

Um comentário:

Os Tesouros disse...

Rebequinha,
Eu acho que o seu Nenê deve ser aclamado patrono oficial d'Os Tesouros. Por favor, transmita a ele nosso desejo de transforma-lo numa espécie de guru por conta de uma vida dedicada aos discos de vinil e a perpetuação, em família, da prática de girar os bolachões.
Jota Peene